quinta-feira, 24 de junho de 2010

Heróis em queda num mundo caído


Esta série acerca de uma equipa de cientistas forenses de Las Vegas tornou-se um fenómeno mundial. Ganhou inúmeros prémios Emmy desde que surgiu em 2000 e deu origem a duas outras séries relacionadas: CSI Miami e CSI New York.

A série foca-se numa equipa de investigadores criminais liderada por Gil Grissom (William Peterson). A equipa é composta também por Catherine Willows (Marge Helgenberger), uma antiga dançarina erótica, por Warrick Brown (Gary Dourdan), viciado em luta em recuperação, por Texan Nick Stokes (George Eads) que mostra uma lado emocional, um “rato de laboratório” que é Greg Sanders (Eric Szmanda) e recentemente também por Sara Sidle (Jorja Fox). São ajudados pelo Capitão Detective Jim Brass (Paul Guilfoyle) que tem um humor negro e pelo Coronel Dr. Al Robbins (Robert David Hall). Trabalham juntos para resolver os estranhos homicídios que ocorrem em Las Vegas.

O CSI dá-nos uma visão negra e obscura do mundo, com crimes extremamente violentos motivados pela ganância, luxúria e ódio. A cidade é apresentada como tendo valores morais muito baixos e muita corrupção. Raramente se encontram pessoas boas e altruístas (as que existem são na maior parte das vezes as vítimas) e as figuras de autoridade e os supostos modelos demonstram tudo menos um comportamento correcto. É um sítio destrutivo que por vezes oferece entretenimento mas onde a vida e a alma estão em risco.

Se por um lado a equipa forense é composta por pessoas honestas e com boas intenções, por outro lado a série demonstra como o trabalho neste mundo os afecta. Por vezes são atacados por aqueles que ficaram prejudicados pelo seu trabalho: o Nick é enterrado vivo num caixão cheio de armadilhas e o Greg é gravemente magoado e levado a tribunal, por exemplo. O próprio trabalho sobrecarrega-os de tal forma que Grissom tira um sabático depois de sofrer um esgotamento e Sara decide deixar o trabalho por um tempo. A série mostra-nos que mesmo estando a praticar o bem, é impossível não sermos afectados pela natureza destrutiva e maléfica do mundo à nossa volta.

Em Las Vegas, a fé em Deus é escassa. Em vez de ser significativa e útil é apenas algo mais que se corrompeu juntamente com a sociedade, de forma que os padres e outras figuras religiosas são frequentemente corruptos ou fanáticos. Grissom, católico Romano não praticante, é o único membro da equipa que parece ter tido alguma fé, mas embora afirme que a sua educação católica dá uma intensidade espiritual a acontecimentos do dia-a-dia que de outra forma não a teriam, a sua fé não interfere com a sua vida diária.
O mais triste é que uma fé genuína é exactamente aquilo que seria necessário neste cenário. A vida já é suficientemente dura num mundo decaído, mesmo sem ter de lidar com os terríveis casos com que a equipa do CSI se defronta. Já seria então de esperar que por vezes seja difícil para eles lidar com o trabalho: Warren luta contra o seu vício na luta e Catherine acha incrivelmente difícil o papel de educar a sua filha adolescente. Embora a série demonstre o quão importante é o apoio que eles dão uns aos outros, é muito claro que precisam de algo mais nas suas vidas.
Por não mostrar o outro lado da história, a série comunica a crise dos valores e objectivos da maior parte das pessoas, e os perigos de viver num mundo sem Deus, não apresentando no entanto nenhum tipo de esperança.

Enquanto cristãos acreditamos que à medida que vamos confiando mais em Deus, vamos recebendo Dele os recursos que necessitamos (embora a fé seja muito mais do que apenas conseguirmos suportar psicologicamente as pressões da vida). O CSI retrata indivíduos que lutam pela justiça num mundo mais preocupado com o prazer e gratificação pessoal; é realísta porque defende que o facto de estarmos imersos neste mundo nos afecta negativamente; enfatiza a importância do apoio mútuo em situações difíceis. Mas por descartar tão veementemente a realidade de Deus e a transformação profunda da vida através da fé, falha em não mostrar que existe muito mais na vida para além daquilo que o mundo nos pode oferecer e que ainda podemos ter um papel importante na transformação do mundo à medida que vamos experimentando e transmitindo o amor de Deus.

“O vosso Deus é cheio de bondade e de misericórdia, e não vos rejeitará – voltem para ele e ele vos receberá de braços abertos .” (II Crónicas 30:9).

quinta-feira, 25 de março de 2010

E se te mostrassem o TEU futuro?


Todos nós temos incertezas quanto ao nosso futuro. Durante o último ano, a nossa atenção nas notícias foi para as nossas frágeis carreiras, o nosso dinheiro incerto, e as alterações aos nossos melhores planos previstos.

Imagina agora, que o mundo inteiro desmaia 2 minutos e 17 segundos e cada pessoa vê um pouco do seu futuro. Vê exactamente o que estaria a fazer daqui a 6 meses. Esta é a premissa de FlashForward. Não se trata de uma lembrança do passado (flashback), mas de uma visão do futuro.

O protagonista é Mark Benford, agente do FBI e alcoólatra anônimo. Vive com a sua esposa, Penny Desmond, e a sua filha querida. Demitri é o seu parceiro. Todos os outros personagens andam à volta destes.
Mark e Demitri, estão juntos numa perseguição alucinante quando o tal flashforward acontece. Mark tem então uma rápida visão de futuro, com vários vislumbres do que será importante futuramente na série. Quando volta a si, toda a cidade está um caos. Por acaso, o mundo inteiro passou pela mesma coisa e todos ficaram inconscientes por 2 minutos e 17 segundos.

FlashForward foi produzido num país que se intitula cristão. É uma série que trata de VISÕES (uma clara referência aos profetas bíblicos). Porém é tudo batido num liquidificador para que o cumprimento da profecia biblica se torne também fictício ou sem importância aos olhos da maioria.

Nos próximos 6 meses alguns de nós, vamos definitivamente experimentar mudanças significativas na nossa vida, positivas e negativas. Outros vamos continuar praticamente a fazer o mesmo que estamos a fazer agora, excepto que vamos estar mais bronzeados, pois daqui a 6 meses iremos estar no Verão, e poderemos estar na praia ou numa piscina a ler a Mulher Criativa de Agosto.

A série FlashForward merece que olhemos atentamente para alguns detalhes da incerteza que todos temos na nossa cabeça. Uma certeza que tenho é que a nossa capacidade de prever o futuro, no contexto da nossa fé (Lucas 17:22-35), ou no contexto da nossa vida pessoal, tem de ser temperada pela realidade onde os nossos sentimentos de total controle, na melhor das hipóteses deveriam ser vistos como passageiros.

Há casos bem interessntes, como o caso de um médico que está para cometer suicídio em breve e que devido ao flash se apercebe que a sua vida afinal vale a pena...
O flash da mulher de Mark, revela-lhe que vai cometer adultério com um homem que ela nem sequer ainda conhece – pelo menos nos primeiros 5 minutos do primeiro episódio, como é óbvio.
Outro ainda e o mais interessante é vermos os agentes do FBI, descobrirem um homem nas câmaras de vigilância a andar calmamente no Detroit baseball stadium enquanto todos estão no flashback.

Estas cenas mostram-nos uma mistura entre a ridícula realidade e a calamidade.

Estas reviravoltas são balanceadas entre uma estranha aparência da realidade enquanto ninguém na realidade a está a viver. Mas, enquanto isto, bastantes aviões caíram e bastantes pessoas morreram nestes seis meses de projecção do futuro.
A palavra de Deus é clara - (I Tessalonicenses 5:3) - “Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.”

Como cristãos podemos, embora com dificuldade transpor a nossa incerteza, através da fé!
João, na ilha de Patmos viu o futuro. Viu o futuro dele e viu o nosso! Escreveu o que viu, da forma que como o viu, alertando-nos e transmitindo esperança, para quem confiar em Jesus.
Esta série pode trazer algumas pontes para conversarmos com o nosso colega de trabalho ou com um amigo num café sobre as nossas dúvidas e certezas. Podemos, através desta série, questionar-nos: “Será que eu sei o que Deus me quer dizer? Já li Apocalipse e percebi a visão geral de João na ilha de Patmos? Ando eu desesperado com o dia de amanhã?”

Série televisiva: FlashForward
Autor: Robert J. Sawyer
Alguns dos actores: Joseph Fiennes (A Paixão de Shakespeare), John Cho, Jack Davenport e Sonya Walger (Perdidos), entre outros.
Produtora: ABC
Em Portugal: AXN

sábado, 5 de setembro de 2009

Personagens com identidade?


Esta série ao contrário das outras que retratam o mundo da medicina, focada-se exclusivamente na vida pessoal das suas personagens, assim como nas suas carreiras, e nas suas lutas diárias stressantes entre estes dois mundos.

O título da série foi inspirado num livro famoso de anatomia, de Henry Gray.

Extremamente bem escrita, a série mistura assuntos sérios como a mortalidade com histórias engraçadas e perspicazes. Cada personagem é desenvolvida e individualizada, sobressaindo a realidade em vez do estereótipo. As relações entre as personagens tornam a série única, com vínculos bem desenvolvidos, como por exemplo entre a néscia Christine (Sandra Oh com um Emmy já no seu currículo) e a personagem principal Meredith (Ellen Pompeo). Teimosas, egoístas e ao mesmo tempo piedosas e determinadas, cada personagem intervem de uma forma crucial nesta agradável série.

O que torna a série tão especial é a forma como funciona visualmente. Se simplesmente formos lendo o que se vai passando e não dermos a atenção devida aos detalhes incríveis que o elenco nos proporciona sem dúvida que ficamos a perder. Funciona devido ao enorme talento que está envolvido. O uso de músicas populares, conhecidas e de extrema qualidade tem sido feito várias vezes, mas aqui funciona com uma precisão tremenda.

Ellen Pompeo interpreta Meredith com empatia. Ela está basicamente perdida, a precisar de amor e de ser aceite. O seu desejo de fazer o melhor na cirurgia é tanto para captar a atenção da sua mãe emocionalmente distante como para auto satisfação. Num elenco como este temos uma Pompeo com coração e entrega constante. Durante as várias temporadas os autores têm dado a oportunidade a Katherine Heigel para crescer no seu carácter. Na primeira temporada Heigel era a perfeita, bonita modelo que se tentava encaixar num grupo tão competitivo como os cirurgiões. Na terceira temporada por exemplo Izzie dá-lhe uma nova camada. Ela encontra-se quebrada emocionalmente, onde nem a cozinha ou o sexo podem preencher o seu vazio. Harmoniza comédia e drama como poucas actrizes conseguem. Sandra Oh que se foi notabilizando nos seus Indy films (Indy filmes são filmes independentes produzidos fora dos estúdios de Hollywood) tem demonstrado um talento enorme. Ela empresta à sua personagem uma visão muito humana e compreensiva que chama o público para dentro da série.

Nesta análise gostaria de vos deixar algumas frases relacionadas com a identidade das personagens, para reflectir...

Cristina para Ellie: Será que isto incomoda assim tanto? Não posso ter as duas? Será que posso ser uma boa cirugiã e ter uma vida?

Burke: Eu não posso ser chefe, não agora e não desta forma. Há já quanto tempo estava à espera deste momento, a minha carreira inteira, e quando finalmente consigo está manchado de sangue. Eu tinha um tremor na mão e não contei a ninguém, é inimaginável e não é admissível eticamente. Pisei o risco.

Cristina: Eu fiz o que me pediste, tu disseste-me que a tua vida toda estava nas tuas mãos e se não pudesses operar não podias ser o Reston Burk

Ellie, mãe da Meredith, (que sofre doença de Alzeihmer): a Meredith que eu conhecia era uma força da natureza, focada, uma lutadora. O que é que te aconteceu? (...) Ouve-me Meredith qualquer pessoa pode apaixonar-se e estar cegamente feliz. Mas nem toda a gente pode pegar num bisturi e salvar uma vida. Eu criei-te para seres um ser humano extraordinário. Por isso imagina a minha desilusão quando acordo passados 5 anos e descubro não és mais do que normal.

Acredito que esta série é excelente para descontrair, ver em família, ver, comentar e analisar. Não só esta série, mas todas, podemos vê-las com diferentes olhos. Podemos analisar séries e filmes de uma forma superficial ou a um nível mais profundo.

A um nível superficial Assistimos como mero entertenimento
A um nível médio Percebemos que o realizador tem uma mensagem
A um nível profundo Notamos as diferentes cosmovisões

Mas qual foi a última vez que reflectiu sobre uma série que assistiu?

Amiga, estou aqui para ti!!


A série Friends, mostra-nos a vida de 3 rapazes e 3 raparigas que vivem na cidade de Nova Iorque. Ross (David Schwimmer), Rachel (Jennifer Aniston), Joey (Matt LeBlanc), Phoebe (Lisa Kudrow), Monica (Courteney Cox Arquette) e Chandler (Matthew Perry) estão na transição dos vintes para os trintas e podemos ver a um nível pessoal algum progresso, mas noutras áreas nem por isso. Ross conquistou algum sucesso na sua carreira, estando a leccionar paleontologia na Universidade de Nova Iorque. Pessoalmente, porém, ele é um desastre. No final da série 9, ele já tem 3 ex-mulheres, e duas crianças de duas mulheres diferentes. O amor da sua vida, Rachel é a mãe do seu segundo filho – eles vivem juntos, porém não têm um “relacionamento”. Chandler, por outro lado, finalmente encontrou o sucesso no seu casamento com a irmã de Ross, Monica, mas tem de encontrar um trabalho que o satisfaça!

Joey é um actor que áparte de se apaixonar por Raquel durante a série oito, não está confidante que se manterá solteiro – os seus dois lemas são: comer e ter sexo. Na série nove, Phoebe finalmente compreende que nunca tinha tido uma relação longa e séria, decidindo-se que é tempo de mudar. Ela é provavelmente a mais independente do grupo, tendo chegado à classe média, vindo directamente das ruas da cidade.

O grande enfoque desta série é provavelmente dado pela música tema da série : “'I'll be there for you ...” Durante a adversidade e o desespero, este grupo de indivíduos diversos, voltam-se uns para os outros, suportando-se uns aos outros – mesmo colocando os seus interesses pessoais à frente dos do grupo... É uma série muito cómica, deixando-nos a impressão que a dor da vida real nunca os afectará grandemente.

O sucesso inicial da série Friends foi construída na ideia que um grupo unido, como uma família se poderia nutrir, levando-os a um longo e belo caminho. O apóstolo Paulo, sabia a importância disto já no primeiro século, as suas cartas às igrejas estão cheias de preocupações aos seus amigos, para saber se estão a crescer como deveriam. A descrição da vida comunitária em Actos 2 e 4 mostra-nos um grupo de pessoas que estavam comprometidas uns com os outros, partilhando tudo o que possuíam, sonhavam e viviam, tendo como preocupação não só os seus amigos mas como aqueles que os rodeavam. Uma das razões pelas quais devemos nos reunir com outros cristãos, é que precisamos uns dos outros para crescer. Há um provérbio africano que diz: “Se queres ir rápido vai sozinho, se queres ir mais longe vai acompanhado.” O apoio e o suporte não é só para nos fazer felizes. Há um propósito, e esse propósito é o crescimento, individual e em comunidade.

Para onde é que estamos a crescer?
Jesus diz-nos que a razão de Ele ter vindo ao mundo, é para que tenhamos vida em abundância. E iremos ter isto se formos discípulos de Jesus. É um caminho difícil, e não conseguimos sozinhos. A mensagem cristã é sermos aos poucos mais parecidos com Jesus. Não fazemos isto irradicando a nossa personalidade, mas sim através de uma renovação da nossa forma de pensar – ser menos egoístas, menos agressivos e furiosos, mais perdoadores. Sermos nós mesmos enquanto nos tornamos parecidos com as prioridades e os valores de Deus.

Vemos nos Friends que umas pessoas fazem progressos significativos, enquanto outros parece que param no tempo. Acredito que quando deixamos de pensar tanto em nós e tentamos mais pensar nos outros, começamos realmente a crescer.
Que ajuda és tu realmente para os teus amigos?
Que parte tens tu na vida dos teus amigos? Partilham a vida contigo? Pedem-te conselhos? Ou debatem contigo séries e futebol?
Há uma diferença enorme entre estar para os amigos quando começa a chover, emprestando o guarda-chuva, ou chegar para ver as poças quando pára de chover.
Quando olhamos para trás, vemos que crescemos? Quem nos tem ajudado? Temos agradecido e cultivado essas amizades? Não devemos descartar as amizades.
Temos sido nós pessoas que passamos tempo com os nossos amigos?

terça-feira, 3 de março de 2009

Quem quer ser bilionário, entre outros

Saiu um artigo muito muito bom, escrito pelo Tony Watkins onde faz uma pequena análise ao consumismo, onde refere este filme.

Se quiseres ler sobre o filme, o mesmo autor fez uma análise ao filme.

À procura da cura...

House é uma aclamada série crítico-dramática representada por Hugh Laurie como um misantrópico mas médico brilhante. Em cada episódio, ele e a sua equipa são confrontados por um paciente com um puzzle de sintomas que depois tentam diagnosticar. A série inicialmente tinha como propósito ser uma simulação do CSI-médico-mistério com germes e vírus como suspeitos, porém na série actual é dado um grande foco às personagens. A doença providencia grande parte da estrutura narrativa, mas o interesse dramático surge da observação das diferentes personagens e da complexidade das suas relações.
O doutor Gregory House é apresentado como um herói fascinante mas ao mesmo tempo com muitos defeitos. Deixado a coxear e com dor crónica devido a uma intervenção que lhe salvou a vida mas efectuada sem o seu consentimento, torna-se viciado na sua medicação, o Vicodin. Talvez isto pudesse desculpá-lo pelo seu habitual sarcasmo e jeito agressivo, mas a sua ex-namorada assegura-nos que ele era bastante semelhante antes deste incidente. Apesar da sua relutância em envolver-se ou até mesmo encontrar-se com os pacientes, a inteligência de House faz com que ele raramente falhe no diagnóstico da doença, embora ponha muitas vezes a vida do paciente em risco, antes de o conseguir. Os seus métodos pouco ortodoxos e os insultos constantes provocam conflitos com as outras personagens e estes confrontos inteligentes estão entre os muitos destaques da série. No papel de herói, ele talvez não tenha uma personalidade com que se simpatize muito, mas a série tem estado na lista das séries mais vistas do nosso país, e o desempenho de Hugh Laurie como médico fez com que conquistasse o lugar de um dos homens mais sexys na revista People.
É sem dúvida a personalidade de House que torna esta série tão viciante. Mas porque é que gostamos tanto deste médico rude e cínico? Nos seus inteligentes insultos e comportamento chocante, House fala para aquela pequena parte de nós que por vezes desejaria ignorar as convenções sociais e fazer o que quisesse. Invejamos a liberdade da sua não-conformidade. Ninguém diz a House o que deve fazer nem o consegue obrigar a fazer algo que ele não queira. Ele faz e diz exactamente o que quer, o que por vezes resulta num diálogo bizarro (“Ainda é ilegal fazer uma autópsia numa pessoa viva?”).
Ao mesmo tempo que rejeita a autoridade humana, House também rejeita a ideia de Deus. A existência de um ser por trás ameaça a visão que House tem do universo e a sua liberdade para viver como deseja. Assim, ele responde com grande cepticismo a qualquer ideia de que Deus possa ser responsável por determinada situação. Quando um paciente recebe boas notícias dizendo “Graças a Deus”, House responde “Não me obrigues a dar-te um estalo”. Esta atitude perante a ideia de um Deus é muito comum na nossa sociedade e House dá-nos a impressão de que é uma posição muito racional.
House não só rejeita o conceito de Deus como também tem uma ideia muito negativa da humanidade. Constantemente informa o seu staff de que “toda a gente mente” e está convencido de que a maioria das pessoas são chatas, estúpidas, ou as duas coisas. Embora House seja extremamente arrogante ao afirmar a sua própria superioridade, o seu diagnóstico de um mundo imperfeito é familiar à maioria das pessoas. Pode não ser um cenáio agradável, mas o médico tem razão (tal como sempre) em afirmar que nós não somos os seres humanos sábios, nobres e maravilhosos que gostariamos de ser.
Que cura apresenta então House para a raça humana? Num episódio com grande reflexão, ele diz a uma vítima de violação, “Somos animais egoístas que circundam a terra, mas porque temos cérebro, se nos esforçarmos muito, ocasionalmente conseguimos aspirar a algo que é menor do que pura maldade.” Esta não é uma afirmação muito agradável. A ideia apresentada aqui é que a humanidade nunca poderá aspirar à verdadeira grandeza e de que a única maneira de melhorarmos a nossa situação é aplicando a nossa inteligência. Não confiando em conceitos pouco compreensivos como a fé e as emoções, a solução do médico é uma total confiança na razão e na lógica.
Embora a liberdade anárquica de House seja apelativa, o seu estilo de vida não o é. Ao longo da série ele é apresentado como um ser miserável e solitário com muito poucos amigos verdadeiros. A sua triste situação é em muito moldada pela sua visão do mundo e pela forma como define a sua identidade e propósito neste mundo.
Sem Deus, House não tem um propósito ou sentido para a sua vida. Vive então para o presente e dedica o seu tempo a actividades que lhe proporcionam prazer, fazendo todos os esforços para evitar a dor ou as dificuldades.
Muitos dos temas recorrentes em House são explorados com grande profundidade na Bíblia. Começando com a suposição de um Deus poderoso e amoroso, a narrativa rapidamente pega no desejo da humanidade de ser livre de autoridade e ter o controle pleno das nossas vidas. No entanto, a Bíblia mostra que a não dependência de Deus traz grandes problemas ao mundo. Numa avaliação da humanidade, não muito diferente da de House, descreve-nos como sendo incapazes de governar o mundo sozinhos e “perdidos” sem o relacionamento com Deus para o qual fomos criados. Tornamo-nos viciados no poder e em continuar no poder tal como House está viciado no Vicodin e na resolução de casos. No entanto, com um Deus amoroso no cenário, a vida não é certamente tão sem sentido como House sugere. A Bíblia afirma que o ser humano não pode melhorar-se a si mesmo, é até inútil tentar o usar a nossa razão para nos tornarmos melhores pessoas. Pelo contrário, a vida e morte de Jesus mostra que Deus age em nosso favor, para nos trazer de novo para junto de Si. A única desvantagem é que aceitar esta oferta engloba não só aceitar a existência de Deus mas também aceitar a sua autoridade sobre nós em vez de tentarmos nós ter o controle da nossa vida. Para uma pessoa como House, este não é certamente um compromisso fácil de fazer. Mas a Bíblia afirma que fazê-lo não só traz liberdade como também nos permite descobrir a nossa verdadeira identidade e propósito e ainda viver o relacionamento que mais nós preenche. Talvez este seja o tratamento que House precisa mais desesperadamente.
Série televisiva: Dr House
Autor: David Shore e outros
Actores: Hugh Laurie, Lisa Edelstein, Omar Epps, Robert Sean Leonard, Jennifer Morrison, Jesse Spencer
Produtora: Heel and Toe Films, NBC Universal Television, Bad Hat Harry Productions, Shore Z Productions

Inspirado em http://www.damaris.org/cw/

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Quando o sonho falha!

Um dos maiores sucessos em Portugal nos últimos meses é a série que analisamos aqui. Donas de casa desesperadas é uma série cómico-dramática, com uma ironia esplêndida que explora o lado negro do sonho americano.

Olhando superficialmente, estas quatro mulheres têm tudo. Mas... no primeiro episódio outra dona de casa, amiga destas comete suicídio. Susan lamenta e diz que esta devia ter falado com as amigas sobre os seus problemas, ao que Gabrielle responde, “Que problemas poderá ela ter tido? Ela era saudável, tinha uma boa casa e uma família magnífica.”

Entrando com mais profundidade, contudo, todas estas mulheres têm momentos de desespero. Susan, uma divorciada, cujo marido a deixou pela sua secretária, deseja ser amada outra vez. O marido de Gabrielle deu-lhe tudo o que ela alguma vez desejou (incluindo o seu colar de 15 mil dólares), mas ela começa a aperceber-se que “só quer as coisas erradas”. Ela deseja ser mais do que simplesmente um acessório para o seu marido. Bree inventou a arte de, a toda hora, ter a casa perfeita, o que leva o seu marido a desejar o divórcio, dizendo, “Eu simplesmente já não aguento viver nesta casa que mais parece um museu”.

Porém a dona de casa que mais faz pensar os telespectadores de donas de casa desesperadas é Lynette, que abdicou da sua majestosa carreira para cuidar dos seus quatro filhos. A pressão para cuidar dos filhos, com o seu marido quase sempre ausente é extenuante. Numa entrevista ela afirma que: “Não fica bem dizer que o meu trabalho é cansativo, complicado, chato e terrível, mas não percebo bem porquê”. O autor desta série – Marc Cherry, descreve a série como uma história de “quatro mulheres que vivem num subúrbio e endoidecem aos poucos”. Cada mulher está desesperada num sentido, e ao longo da série vamos descobrindo mais detalhes sobre o seu desespero.

Há pelo menos três tópicos fundamentais constantemente expostos nesta série. Primeiro, tomar conta das crianças a tempo inteiro é uma tarefa muito complicada. Segundo, não é bom ser-se aberto sobre os problemas pessoais, por medo de ser considerada uma má mãe. Terceiro, não existe reconhecimento público do quão importante é o papel de uma dona de casa na sociedade.

Quando assistimos a uma série como esta, e assistimos repetidamente, temos de fazer algumas perguntas. O nosso objectivo aqui não é deixar de ver séries mas, além do momento de lazer, reflectir e pensar sobre o que assistimos e deixamos que entre pela nossa casa.

Donas de casa desesperadas reflecte aquilo que experimentamos no nosso dia a dia no trabalho, em casa, na igreja, no café, entre outros. As pessoas aparentam ser ou fazer uma coisa quando na realidade são ou fazem coisas diferentes. “Enquanto o homem olha para o exterior, Deus olha para o coração” Aplicado às donas de casa, ou àqueles que nos circundam no nosso dia a dia, ninguém pode julgar se uma mentira é justificada ou não.

Queríamos deixar algumas perguntas para reflexão sobre a série.

  1. O que acha do genérico da série? Porque é que Adão e Eva e o fruto proibido do jardim do Éden são usados na abertura?
  2. O que é que a série: “Donas de casa desesperadas” diz sobre o casamento?
  3. De que forma esta série está a moldar a nossa atitude perante a família e os seus valores?
  4. O que pensa que o autor quer transmitir sobre o que as personagens estão à procura? Como é que enquadramos Mateus 11:28 “Venham a mim todos os que estão cansados e oprimidos, e eu vos darei descanso” poderia ajudar estas personagens?
  5. Como é que esta série a tem ajudado a lutar contra alguns dos teus problemas ou lutas?


Série televisiva: Donas de casa desesperadas

Autor: Marc Cherry

Actrizes: Teri Hatcher, Felicity Huffman, Marcia Cross, Eva Longoria, Nicollette Sheridan

Produtora: Touchstone Television

Inspirado em http://www.damaris.org/cw/