terça-feira, 3 de março de 2009

Quem quer ser bilionário, entre outros

Saiu um artigo muito muito bom, escrito pelo Tony Watkins onde faz uma pequena análise ao consumismo, onde refere este filme.

Se quiseres ler sobre o filme, o mesmo autor fez uma análise ao filme.

À procura da cura...

House é uma aclamada série crítico-dramática representada por Hugh Laurie como um misantrópico mas médico brilhante. Em cada episódio, ele e a sua equipa são confrontados por um paciente com um puzzle de sintomas que depois tentam diagnosticar. A série inicialmente tinha como propósito ser uma simulação do CSI-médico-mistério com germes e vírus como suspeitos, porém na série actual é dado um grande foco às personagens. A doença providencia grande parte da estrutura narrativa, mas o interesse dramático surge da observação das diferentes personagens e da complexidade das suas relações.
O doutor Gregory House é apresentado como um herói fascinante mas ao mesmo tempo com muitos defeitos. Deixado a coxear e com dor crónica devido a uma intervenção que lhe salvou a vida mas efectuada sem o seu consentimento, torna-se viciado na sua medicação, o Vicodin. Talvez isto pudesse desculpá-lo pelo seu habitual sarcasmo e jeito agressivo, mas a sua ex-namorada assegura-nos que ele era bastante semelhante antes deste incidente. Apesar da sua relutância em envolver-se ou até mesmo encontrar-se com os pacientes, a inteligência de House faz com que ele raramente falhe no diagnóstico da doença, embora ponha muitas vezes a vida do paciente em risco, antes de o conseguir. Os seus métodos pouco ortodoxos e os insultos constantes provocam conflitos com as outras personagens e estes confrontos inteligentes estão entre os muitos destaques da série. No papel de herói, ele talvez não tenha uma personalidade com que se simpatize muito, mas a série tem estado na lista das séries mais vistas do nosso país, e o desempenho de Hugh Laurie como médico fez com que conquistasse o lugar de um dos homens mais sexys na revista People.
É sem dúvida a personalidade de House que torna esta série tão viciante. Mas porque é que gostamos tanto deste médico rude e cínico? Nos seus inteligentes insultos e comportamento chocante, House fala para aquela pequena parte de nós que por vezes desejaria ignorar as convenções sociais e fazer o que quisesse. Invejamos a liberdade da sua não-conformidade. Ninguém diz a House o que deve fazer nem o consegue obrigar a fazer algo que ele não queira. Ele faz e diz exactamente o que quer, o que por vezes resulta num diálogo bizarro (“Ainda é ilegal fazer uma autópsia numa pessoa viva?”).
Ao mesmo tempo que rejeita a autoridade humana, House também rejeita a ideia de Deus. A existência de um ser por trás ameaça a visão que House tem do universo e a sua liberdade para viver como deseja. Assim, ele responde com grande cepticismo a qualquer ideia de que Deus possa ser responsável por determinada situação. Quando um paciente recebe boas notícias dizendo “Graças a Deus”, House responde “Não me obrigues a dar-te um estalo”. Esta atitude perante a ideia de um Deus é muito comum na nossa sociedade e House dá-nos a impressão de que é uma posição muito racional.
House não só rejeita o conceito de Deus como também tem uma ideia muito negativa da humanidade. Constantemente informa o seu staff de que “toda a gente mente” e está convencido de que a maioria das pessoas são chatas, estúpidas, ou as duas coisas. Embora House seja extremamente arrogante ao afirmar a sua própria superioridade, o seu diagnóstico de um mundo imperfeito é familiar à maioria das pessoas. Pode não ser um cenáio agradável, mas o médico tem razão (tal como sempre) em afirmar que nós não somos os seres humanos sábios, nobres e maravilhosos que gostariamos de ser.
Que cura apresenta então House para a raça humana? Num episódio com grande reflexão, ele diz a uma vítima de violação, “Somos animais egoístas que circundam a terra, mas porque temos cérebro, se nos esforçarmos muito, ocasionalmente conseguimos aspirar a algo que é menor do que pura maldade.” Esta não é uma afirmação muito agradável. A ideia apresentada aqui é que a humanidade nunca poderá aspirar à verdadeira grandeza e de que a única maneira de melhorarmos a nossa situação é aplicando a nossa inteligência. Não confiando em conceitos pouco compreensivos como a fé e as emoções, a solução do médico é uma total confiança na razão e na lógica.
Embora a liberdade anárquica de House seja apelativa, o seu estilo de vida não o é. Ao longo da série ele é apresentado como um ser miserável e solitário com muito poucos amigos verdadeiros. A sua triste situação é em muito moldada pela sua visão do mundo e pela forma como define a sua identidade e propósito neste mundo.
Sem Deus, House não tem um propósito ou sentido para a sua vida. Vive então para o presente e dedica o seu tempo a actividades que lhe proporcionam prazer, fazendo todos os esforços para evitar a dor ou as dificuldades.
Muitos dos temas recorrentes em House são explorados com grande profundidade na Bíblia. Começando com a suposição de um Deus poderoso e amoroso, a narrativa rapidamente pega no desejo da humanidade de ser livre de autoridade e ter o controle pleno das nossas vidas. No entanto, a Bíblia mostra que a não dependência de Deus traz grandes problemas ao mundo. Numa avaliação da humanidade, não muito diferente da de House, descreve-nos como sendo incapazes de governar o mundo sozinhos e “perdidos” sem o relacionamento com Deus para o qual fomos criados. Tornamo-nos viciados no poder e em continuar no poder tal como House está viciado no Vicodin e na resolução de casos. No entanto, com um Deus amoroso no cenário, a vida não é certamente tão sem sentido como House sugere. A Bíblia afirma que o ser humano não pode melhorar-se a si mesmo, é até inútil tentar o usar a nossa razão para nos tornarmos melhores pessoas. Pelo contrário, a vida e morte de Jesus mostra que Deus age em nosso favor, para nos trazer de novo para junto de Si. A única desvantagem é que aceitar esta oferta engloba não só aceitar a existência de Deus mas também aceitar a sua autoridade sobre nós em vez de tentarmos nós ter o controle da nossa vida. Para uma pessoa como House, este não é certamente um compromisso fácil de fazer. Mas a Bíblia afirma que fazê-lo não só traz liberdade como também nos permite descobrir a nossa verdadeira identidade e propósito e ainda viver o relacionamento que mais nós preenche. Talvez este seja o tratamento que House precisa mais desesperadamente.
Série televisiva: Dr House
Autor: David Shore e outros
Actores: Hugh Laurie, Lisa Edelstein, Omar Epps, Robert Sean Leonard, Jennifer Morrison, Jesse Spencer
Produtora: Heel and Toe Films, NBC Universal Television, Bad Hat Harry Productions, Shore Z Productions

Inspirado em http://www.damaris.org/cw/