sábado, 5 de setembro de 2009

Personagens com identidade?


Esta série ao contrário das outras que retratam o mundo da medicina, focada-se exclusivamente na vida pessoal das suas personagens, assim como nas suas carreiras, e nas suas lutas diárias stressantes entre estes dois mundos.

O título da série foi inspirado num livro famoso de anatomia, de Henry Gray.

Extremamente bem escrita, a série mistura assuntos sérios como a mortalidade com histórias engraçadas e perspicazes. Cada personagem é desenvolvida e individualizada, sobressaindo a realidade em vez do estereótipo. As relações entre as personagens tornam a série única, com vínculos bem desenvolvidos, como por exemplo entre a néscia Christine (Sandra Oh com um Emmy já no seu currículo) e a personagem principal Meredith (Ellen Pompeo). Teimosas, egoístas e ao mesmo tempo piedosas e determinadas, cada personagem intervem de uma forma crucial nesta agradável série.

O que torna a série tão especial é a forma como funciona visualmente. Se simplesmente formos lendo o que se vai passando e não dermos a atenção devida aos detalhes incríveis que o elenco nos proporciona sem dúvida que ficamos a perder. Funciona devido ao enorme talento que está envolvido. O uso de músicas populares, conhecidas e de extrema qualidade tem sido feito várias vezes, mas aqui funciona com uma precisão tremenda.

Ellen Pompeo interpreta Meredith com empatia. Ela está basicamente perdida, a precisar de amor e de ser aceite. O seu desejo de fazer o melhor na cirurgia é tanto para captar a atenção da sua mãe emocionalmente distante como para auto satisfação. Num elenco como este temos uma Pompeo com coração e entrega constante. Durante as várias temporadas os autores têm dado a oportunidade a Katherine Heigel para crescer no seu carácter. Na primeira temporada Heigel era a perfeita, bonita modelo que se tentava encaixar num grupo tão competitivo como os cirurgiões. Na terceira temporada por exemplo Izzie dá-lhe uma nova camada. Ela encontra-se quebrada emocionalmente, onde nem a cozinha ou o sexo podem preencher o seu vazio. Harmoniza comédia e drama como poucas actrizes conseguem. Sandra Oh que se foi notabilizando nos seus Indy films (Indy filmes são filmes independentes produzidos fora dos estúdios de Hollywood) tem demonstrado um talento enorme. Ela empresta à sua personagem uma visão muito humana e compreensiva que chama o público para dentro da série.

Nesta análise gostaria de vos deixar algumas frases relacionadas com a identidade das personagens, para reflectir...

Cristina para Ellie: Será que isto incomoda assim tanto? Não posso ter as duas? Será que posso ser uma boa cirugiã e ter uma vida?

Burke: Eu não posso ser chefe, não agora e não desta forma. Há já quanto tempo estava à espera deste momento, a minha carreira inteira, e quando finalmente consigo está manchado de sangue. Eu tinha um tremor na mão e não contei a ninguém, é inimaginável e não é admissível eticamente. Pisei o risco.

Cristina: Eu fiz o que me pediste, tu disseste-me que a tua vida toda estava nas tuas mãos e se não pudesses operar não podias ser o Reston Burk

Ellie, mãe da Meredith, (que sofre doença de Alzeihmer): a Meredith que eu conhecia era uma força da natureza, focada, uma lutadora. O que é que te aconteceu? (...) Ouve-me Meredith qualquer pessoa pode apaixonar-se e estar cegamente feliz. Mas nem toda a gente pode pegar num bisturi e salvar uma vida. Eu criei-te para seres um ser humano extraordinário. Por isso imagina a minha desilusão quando acordo passados 5 anos e descubro não és mais do que normal.

Acredito que esta série é excelente para descontrair, ver em família, ver, comentar e analisar. Não só esta série, mas todas, podemos vê-las com diferentes olhos. Podemos analisar séries e filmes de uma forma superficial ou a um nível mais profundo.

A um nível superficial Assistimos como mero entertenimento
A um nível médio Percebemos que o realizador tem uma mensagem
A um nível profundo Notamos as diferentes cosmovisões

Mas qual foi a última vez que reflectiu sobre uma série que assistiu?

Amiga, estou aqui para ti!!


A série Friends, mostra-nos a vida de 3 rapazes e 3 raparigas que vivem na cidade de Nova Iorque. Ross (David Schwimmer), Rachel (Jennifer Aniston), Joey (Matt LeBlanc), Phoebe (Lisa Kudrow), Monica (Courteney Cox Arquette) e Chandler (Matthew Perry) estão na transição dos vintes para os trintas e podemos ver a um nível pessoal algum progresso, mas noutras áreas nem por isso. Ross conquistou algum sucesso na sua carreira, estando a leccionar paleontologia na Universidade de Nova Iorque. Pessoalmente, porém, ele é um desastre. No final da série 9, ele já tem 3 ex-mulheres, e duas crianças de duas mulheres diferentes. O amor da sua vida, Rachel é a mãe do seu segundo filho – eles vivem juntos, porém não têm um “relacionamento”. Chandler, por outro lado, finalmente encontrou o sucesso no seu casamento com a irmã de Ross, Monica, mas tem de encontrar um trabalho que o satisfaça!

Joey é um actor que áparte de se apaixonar por Raquel durante a série oito, não está confidante que se manterá solteiro – os seus dois lemas são: comer e ter sexo. Na série nove, Phoebe finalmente compreende que nunca tinha tido uma relação longa e séria, decidindo-se que é tempo de mudar. Ela é provavelmente a mais independente do grupo, tendo chegado à classe média, vindo directamente das ruas da cidade.

O grande enfoque desta série é provavelmente dado pela música tema da série : “'I'll be there for you ...” Durante a adversidade e o desespero, este grupo de indivíduos diversos, voltam-se uns para os outros, suportando-se uns aos outros – mesmo colocando os seus interesses pessoais à frente dos do grupo... É uma série muito cómica, deixando-nos a impressão que a dor da vida real nunca os afectará grandemente.

O sucesso inicial da série Friends foi construída na ideia que um grupo unido, como uma família se poderia nutrir, levando-os a um longo e belo caminho. O apóstolo Paulo, sabia a importância disto já no primeiro século, as suas cartas às igrejas estão cheias de preocupações aos seus amigos, para saber se estão a crescer como deveriam. A descrição da vida comunitária em Actos 2 e 4 mostra-nos um grupo de pessoas que estavam comprometidas uns com os outros, partilhando tudo o que possuíam, sonhavam e viviam, tendo como preocupação não só os seus amigos mas como aqueles que os rodeavam. Uma das razões pelas quais devemos nos reunir com outros cristãos, é que precisamos uns dos outros para crescer. Há um provérbio africano que diz: “Se queres ir rápido vai sozinho, se queres ir mais longe vai acompanhado.” O apoio e o suporte não é só para nos fazer felizes. Há um propósito, e esse propósito é o crescimento, individual e em comunidade.

Para onde é que estamos a crescer?
Jesus diz-nos que a razão de Ele ter vindo ao mundo, é para que tenhamos vida em abundância. E iremos ter isto se formos discípulos de Jesus. É um caminho difícil, e não conseguimos sozinhos. A mensagem cristã é sermos aos poucos mais parecidos com Jesus. Não fazemos isto irradicando a nossa personalidade, mas sim através de uma renovação da nossa forma de pensar – ser menos egoístas, menos agressivos e furiosos, mais perdoadores. Sermos nós mesmos enquanto nos tornamos parecidos com as prioridades e os valores de Deus.

Vemos nos Friends que umas pessoas fazem progressos significativos, enquanto outros parece que param no tempo. Acredito que quando deixamos de pensar tanto em nós e tentamos mais pensar nos outros, começamos realmente a crescer.
Que ajuda és tu realmente para os teus amigos?
Que parte tens tu na vida dos teus amigos? Partilham a vida contigo? Pedem-te conselhos? Ou debatem contigo séries e futebol?
Há uma diferença enorme entre estar para os amigos quando começa a chover, emprestando o guarda-chuva, ou chegar para ver as poças quando pára de chover.
Quando olhamos para trás, vemos que crescemos? Quem nos tem ajudado? Temos agradecido e cultivado essas amizades? Não devemos descartar as amizades.
Temos sido nós pessoas que passamos tempo com os nossos amigos?